O MENINO E A RAINHA

 

E acompanhar, dia a dia, as aventuras e brincadeiras daquela carismática moça loira, na Tv, entre um e outro desenho animado (que eram sua grande paixão!), fez com que o Menino Cheio de Imaginação (MCI) tivesse, anos atrás, algum resquício de infância verdadeira e feliz.

Quando ligava a Tv e adentrava o universo colorido e cheio de alegria da "Amiguinha Xuxa", nosso pequeno até se esquecia de que, fora dali, no restante do dia, ele só fazia chorar e se preocupar com as lamúrias de sua mãe, sempre tão dramática e exagerada.

Imerso como sempre fora nos problemas e na vida de adultos pouco habilidosos no trato com crianças entre os quais viu passar grande parte de sua infância, nosso amiguinho fora forçado a amadurecer precocemente e entender problemas que, na verdade, não lhe diziam nem nunca lhe disseram respeito.

Isso resultou, claro, na sua inegável melancolia e na dificuldade que teria para se comunicar com as pessoas, anos mais tarde.

Fato foi que nosso infante foi se fechando, fechando, tentando se proteger dos ataques dos adultos e, em meio a este processo, só UMA PESSOA conseguia invadir seu universo e estabelecer contato com ele: a moça de "xuquinhas"; a querida "Rainha dos Baixinhos"!

Mesmo na "fase estranha", em que ele parecia querer deixar de falar para sempre, com quer que fosse, bastava vê-la na Tv para sorrir e querer sair de seu mundinho, de sua pequena "redoma", para viajar naquela nave espacial e juntar-se à sua "amiga imaginária real".

Assim o nosso menino cresceu, mas continuou nutrindo, dentro de seu coração, a despeito de todas as fases turbulentas pelas quais passou, o mesmo carinho, a mesma admiração e a mesma consideração pela sua querida Xuxa.

De tal sorte que, mesmo hoje, no momento presente, basta vê-la para que seu coração se encha de uma alegria espontânea que ele adora: empolgada e pueril; absolutamente desinteressada e que o deixa verdadeiramente FELIZ, porque lhe permite escapar para o velho e conhecido mundo de fantasia e encantamento, habitat natural da sua musa loira, onde resgata, por instantes, a alma infantil de que,  a despeito da passagem do tempo, nunca deixou de existir dentro dele.

Foi com a mesma Rainha, de quebra, que o MCI aprendeu várias lições importantes: não beber, não fumar, respeitar os mais velhos, importar-se com a natureza e os animais e procurar dar sempre o melhor de si para alcançar seus sonhos; seus objetivos.

Quantas vezes seus olhos se encheram de lágrimas ao acompanhar fatos importantes da vida da "amiga" pela tela da TV e, da mesma forma, quantas gargalhadas inesquecíveis ela lhe proporcionou com seus programas!

Por todas as boas lembranças, por toda a "presença" e por toda a sua "companhia" durante anos a fio de uma infância em preto e branco que ela sempre ajudou a colorir é que o MCI permaneceu fiel em seu amor à eterna Rainha.

E fez desse amor coisa extremamente sua: INTOCÁVEL! 

Consciente mas, acima de tudo, apaixonado e fiel.

Porque não se vira as costas nunca a uma velha AMIGA, não é?

Ainda que real-imaginária.

Pois! =)